sábado, 30 de abril de 2011

Homenagem ao Beato João Paulo II - Servo dos servos de Deus

Amanhã, 1º de Maio, festa da Divina Misericórdia o Santo Padre Bento XVI, Beatificará o Servo de Deus João Paulo II, e o Conselho Arquidiocesano dos Servidores do Altar vem atraves deste render Graças a Deus por este novo Beato.

Abertura do Ano Santo de 2000

Sua juventude


Missa de Abertura do Seu Pontificado - Capela Sistina



Consagração de Seu Pontificado a Beatíssima Virgem Maria, a quem tanto devotava seu ministério!




Fotos: Site oficial da Santa Sé

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Semana Santa em nossas Paróquias - Paróquia da SS. Trindade

Na manhã do dia 17 de abril de 2011, Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, fez-se a Procissão paroquial saindo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos partindo para matriz da Paróquia da SS. Trindade, o oficiante da celebração foi Sua Exc. Revm. D. Vicente Joaquim Zico, arcebispo-emérito, concelebrando o Revm. Pe. Ronaldo Menezes, pároco da referida paróquia. Algumas fotos:

Detalhe do Retábulo do Altar-Mor

  




"Terminado o canto, o Bispo depõe o báculo e a mitra, e, de pé, voltado para o povo, começa: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Saúda o povo dizendo: A paz esteja convosco, e profere monição introdutória." Cerimonial do Bispos, 266.




"Em seguida, o Bispo deita incenso no turíbulo, dá a bênção ao diácono que vai proclamar o Evangelho e recebe o seu ramo, e fica com ele durante a proclamação do Evangelho." Cerimonial dos Bispos, 269.



"À frente, vai o turiferário com o turíbulo fumegante, a seguir, o acólito com a cruz, ornada com ramos de palmeiras, segundo o costume local, ladeado de outros dois acólitos com velas acesas. Segue-se o clero, o diácono com o livro dos Evangelhos" Cerimonial dos Bispos, 270.







Revm. Pe. Ronaldo Menezes, paróco da Paróquia da SS. Trindade.

 


Procissão aproximando-se da Matriz







Bênção Final
Fonte: Blog dos Servidores do Altar da Paróquia da SS. Trindade

Sem exumação

Detalhes sobre a beatificação de João Paulo II

Funcionários do Vaticano erguem do túmulo o ataúde
sob os olhares curiosos de cardeais, bispos e leigos

Foi retirado do túmulo às 9h (de Roma) desta sexta-feira, dia 29, o ataúde com os restos mortais do Venerável Papa João Paulo II. Seguidamente, foi posto coberto em frente ao altar da Confissão de São Pedro (altar-mor da Basílica Vaticana). Devido ao curto tempo desde seu falecimento, seu corpo não será exumado para a beatificação no próximo domingo, dia 01 de maio.

O secretário pessoal de João Paulo II, hoje Cardeal de Cracóvia,
vela o rosto do Pontífice, segundo o costume das exéquias pontifícias,
sob a atenção do Arcebispo Piero Marini

Após a Santa Missa com o rito de beatificação do Venerável, o Santo Padre e os concelebrantes ingressarão na Basílica de São Pedro para a veneração dos restos mortais do novo Beato. Após eles, será permitido o acesso aos demais, que durará o tempo que for necessário.

O Papa Bento XVI reza diante do túmulo

Durante o canto do Gloria, após a leitura do decreto de beaticação, será exposta no altar a relíquia do sangue de João Paulo II, recolhido para uma eventual transfusão sanguínea em uma de suas internações hospitalares. Na realidade, todo o sangue recolhido foi distribuído em 4 ampolas: duas permaneceram custodiadas pelo Cardeal de Cracóvia e duas, com as Irmãs do Hospital Menino Jesus, especializado em hemotransfusão. Um relicário será usado durante a beatificação, outro será guardado com outras importantes relíquias no "Sacrário" do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, outro será entregue novamente às Irmãs do Gesù Bambino, e o quarto - acreditamos por dedução, pois não foi dito - será dado ao Cardeal de Cracóvia.

Fonte: Direto da Sacristia

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Da Paschalis Sollemnitatis: Para bem celebrar o Tempo Pascal


O Tempo Pascal

100. A celebração da Páscoa continua durante o tempo pascal. Os cinqüenta dias que vão do domingo da Ressurreição ao domingo de Pentecostes são celebrados com alegria como um só dia festivo, antes como “o grande domingo”.[105]
101. Os domingos deste tempo devem ser considerados como “domingos de Páscoa” e têm precedência sobre qualquer festa do Senhor e qualquer solenidade. As solenidades que coincidem com estes domingos são celebradas no sábado anterior.[106] As festas em honra da bem-aventurada Virgem Maria ou dos santos, que ocorrem durante a semana, não podem ser transferidas para estes domingos.[107]
102. Para os adultos que receberam a iniciação cristã na vigília pascal, todo este tempo é reservado à mistagogia. Portanto, onde houver neófitos, observe-se tudo o que é indicado noRito da Iniciação cristã dos adultos, n. 37-40 e 235-239. Faça-se sempre, na oitava da Páscoa, a oração de intercessão pelos neo-batizados, inserida na oração eucarística.
103. Durante todo o tempo pascal, nas missas dominicais, os neófitos tenham reservado um lugar especial entre os fiéis. Procurem eles participar nas missas juntamente com os seus padrinhos. Na homília e, segundo a oportunidade, na oração universal, faça-se menção deles.
No encerramento do tempo da mistagogia, nas proximidades do domingo de Pentecostes, faça-se alguma celebração segundo os costumes da própria região.[108] Além disso, é muito oportuno que as crianças recebam a sua Primeira Comunhão nestes domingos pascais.
104. Durante o tempo pascal os pastores instruam os fiéis, que já fizeram a Primeira Comunhão, sobre o significado do preceito da Igreja de receber neste tempo a Eucaristia.[109]Recomenda-se, sobretudo na oitava da Páscoa, que a sagrada Comunhão seja levada aos doentes.
105. Onde houver o costume de benzer as casas por ocasião das festas pascais, tal bênção seja feita pelo pároco ou por outros sacerdotes ou diáconos por ele delegados. É esta uma ocasião preciosa para exercitar o múnus pastoral.[110] O pároco faça a visita pastoral a cada família, tenha um colóquio com os seus membros e ore brevemente com eles, usando os textos contidos no Ritual das Bênçãos.[111] Nas grandes cidades veja-se a possibilidade de reunir mais famílias, para juntas celebrarem o rito da bênção.
106. Segundo a diversidade dos lugares e dos povos, existem muitos costumes populares vinculados com as celebrações do tempo pascal, que às vezes suscitam. maior participação popular que as mesmas celebrações litúrgicas; tais costumes não devem ser desprezados, e podem muitas vezes manifestar a mentalidade religiosa dos fiéis. Por isso, as conferências episcopais e os ordinários do lugar cuidem de que estes costumes, que podem favorecer a piedade, possam ser ordenados do melhor modo possível com a liturgia, estejam impregnados do seu espírito e a ela conduzam o povo de Deus.[112]
107. O domingo de Pentecostes conclui este sagrado período de cinqüenta dias, quando se comemora o dom do Espírito Santo derramado sobre os apóstolos, os primórdios da Igreja e o início da sua missão a todos os povos, raças e nações.[113] Recomenda-se a celebração prolongada da missa da vigília, que não tem um caráter batismal como a vigília da Páscoa, mas de oração intensa segundo o exemplo dos apóstolos e discípulos, que perseveravam unânimes em oração juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, esperando a vinda do Espírito Santo.[114]
108. “É próprio da festividade pascal que toda a Igreja se alegre pelo perdão dos pecados, concedido não só àqueles que renascem no santo Batismo, mas também aos que há tempo foram admitidos no número dos filhos adotivos”.[115] Mediante uma atividade pastoral mais intensa e maior empenho espiritual da parte de cada um, com a graça do Senhor, será possível a todos os que tenham participado nas festas pascais testemunhar na vida o mistério da Páscoa celebrado na fé.[116]
______________________
Notas:
[105] “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 22.
[106] Cf. ibid., n. 5, 23.
[107] Cf. ibid., n. 58.
[108] Cf. Rito da iniciação cristã dos adultos, n. 235-237; cf. ibid., n. 238. 239.
[109] Cf. Código de Direito Canônico, cân. 920.
[110] S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria. 16111955, n. 24, AAS 47 (1955) 847.
[111] De Benedictionibus, cap. I, II, Ordo benedictionis annuae familiarum in propriis domibus.
[112] Cf. Conc. VAT. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 13; cf. Congr. para o Culto Divino,Orientações e propostas para a celebração do Ano Mariano, 3.4.1987, n. 3, 51-56. 61
[113] 113. Cf. “Normas gerais para o ordenamento do ano litúrgico e do calendário”, n. 23.
[114] As primeiras vésperas da solenidade podem unir-se com a missa, segundo o modo previsto nos Princípios e Normas para a Liturgia das Horas, n. 96. Para conhecer mais profundamente o mistério deste dia, podem ser lidas mais leituras da Sagrada Escritura, dentre as propostas pelo Lecionário, como facultativas para esta missa. Neste caso, o leitor lê no ambão a primeira leitura; depois o salmista ou cantor diz o salmo, com a resposta do povo. Em seguida todos se levantam e o sacerdote diz Oremos. Depois de um breve espaço de tempo em silêncio, diz a oração adaptada à leitura (p. ex. uma das orações marcadas para os dias feriais depois do VII Domingo da Páscoa
[115] S. Leão Magno, VI Sermão da Quaresma, 1-2, PL 54, 285.
[116] Cf. Missal Romano, Sábado depois do VII Domingo da Páscoa, oração.

Fonte: Presbíteros

domingo, 24 de abril de 2011

Sermão de Santo Agostinho sobre a Páscoa

Sermão:
“SOBRE A RESSURREIÇÃO DE CRISTO, SEGUNDO SÃO MARCOS”
(P.L. 38, 1104-1107)


Santo Agostinho (*350 - †430) - Bispo de Hipona

A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo lê-se estes dias, como é costume, segundo cada um dos livros do santo Evangelho. Na leitura de hoje ouvimos Jesus Cristo censurando os discípulos, primeiros membros seus, companheiros seus porque não criam estar vivo aquele mesmo por cuja morte choravam. Pais da fé, mas ainda não fiéis; mestres - e a terra inteira haveria de crer no que pregariam, pelo que, aliás, morreriam - mas ainda não criam. Não acreditavam ter ressuscitado aquele que haviam visto ressuscitando os mortos. Com razão, censurados: ficavam patenteados a si mesmos, para saberem o que seriam por si mesmos os que muito seriam graças a ele.
E foi deste modo que Pedro se mostrou quem era: quando iminente a Paixão do Senhor, muito presumiu; chegada a Paixão, titubeou. Mas caiu em si, condoeu-se, chorou, convertendo-se a seu Criador.
Eis quem eram os que ainda não criam, apesar de já verem. Grande, pois, foi a honra a nós concedida por aquele que permitiu crêssemos no que não vemos! Nós cremos pelas palavras deles, ao passo que eles não criam em seus próprios olhos.
A ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo é a vida nova dos que crêem em Jesus, e este é o mistério da sua Paixão e Ressurreição, que muito devíeis conhecer e celebrar. Porque não sem motivo desceu a Vida até a morte. Não foi sem motivo que a fonte da vida, de onde se bebe para viver, bebeu desse cálice que não lhe convinha. Por que a Cristo não convinha a morte.

De onde veio a morte?
Vamos investigar a origem da morte. O pai da morte é o pecado. Se nunca houvesse pecado ninguém morreria. O primeiro homem recebeu a lei de Deus, isto é, um preceito de Deus, com a condição de que se o observasse viveria e se o violasse morreria. Não crendo que morreria, fez o que o faria morrer; e verificou a verdade do que dissera quem lhe dera a lei. Desde então, a morte. Desde então, ainda, a segunda morte, após a primeira, isto é, após a morte temporal a eterna morte. Sujeito a essa condição de morte, a essas leis do inferno, nasce todo homem; mas por causa desse mesmo homem, Deus se fez homem, para que não perecesse o homem. Não veio, pois, ligado às leis da morte, e por isso diz o Salmo: “Livre entre os mortos” [Sl 87].
Concebeu-o, sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu. Ele viveu sem culpa, não morreu por motivo de culpa, comungava conosco no castigo mas não na culpa. O castigo da culpa é a morte. Nosso Senhor Jesus Cristo veio morrer, mas não veio pecar; comungando conosco no castigo sem a culpa, aboliu tanto a culpa como a castigo. Que castigo aboliu? O que nos cabia após esta vida. Foi assim crucificado para mostrar na cruz o fim do nosso homem velho; e ressuscitou, para mostrar em sua vida, como é a nossa vida nova. Ensina-o o Apóstolo: “Foi entregue por causa dos nossos pecados, ressurgiu por causa da nossa justificação” [Rm 4,25].

Como sinal disto, fora dada outrora a circuncisão aos patriarcas: no oitavo dia todo indivíduo do sexo masculino devia ser circuncidado. A circuncisão fazia-se com cutelos de pedra: porque Cristo era a pedra. Nessa circuncisão significava-se a espoliação da vida carnal a ser realizada no oitavo dia pela Ressurreição de Cristo. Pois o sétimo dia da semana é o sábado; no sábado o Senhor jazia no sepulcro, sétimo dia da semana. Ressuscitou no oitavo. A sua Ressurreição nos renova. Eis por que, ressuscitando no oitavo dia, nos circuncidou.
É nessa esperança que vivemos. Ouçamos o Apóstolo dizer. “Se ressuscitasses com Cristo...” [Cl 3,1] Como ressuscitamos, se ainda morremos? Que quer dizer o Apóstolo: “Se ressuscitasses com Cristo?” Acaso ressuscitariam os que não tivessem antes morrido? Mas falava aos vivos, aos que ainda não morreram ... os quais, contudo, ressuscitaram: que quer dizer?
Vede o que ele afirma: “Se ressuscitasses com Cristo, procurai as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, saboreai o que é do alto, não o que está sobre a terra. Porque estais mortos!”

É o próprio Apóstolo quem está falando, não eu. Ora, ele diz a verdade, e, portanto, digo-a também eu... E por que também a digo? “Acreditei e por causa disto falei” [Sl 115].
Se vivemos bem, é que morremos e ressuscitamos. Quem, porém, ainda não morreu, também não ressuscitou, vive mal ainda; e se vive mal, não vive: morra para que não morra. Que quer dizer: morra para que não morra? Converta-se, para não ser condenado.
“Se ressuscitasses com Cristo”, repito as palavras do Apóstolo, “procurai o que é do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, saboreai o que é do alto, não o que é da terra. Pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, aparecer, então também aparecereis com ele na glória”. São palavras do Apóstolo. A quem ainda não morreu, digo-lhe que morra; a quem ainda vive mal, digo-lhe que se converta. Se vivia mal, mas já não vive assim, morreu; se vive bem, ressuscitou.
Mas, que é viver bem? Saborear o que está no alto, não o que sobre a terra. Até quando és terra e à terra tornarás? Até quando lambes a terra? Lambes a terra, amando-a, e te tornas inimigo daquele de quem diz o Salmo: “os inimigos dele lamberão a terra” [Sl 79,9].

Que éreis vós? Filhos de homens. Que sois vós? Filhos de Deus.
Ó filhos dos homens, até quando tereis o coração pesado? Por que amais a vaidade e buscais a mentira? Que mentira buscais? O mundo.
Quereis ser felizes, sei disto. Dai-me um homem que seja ladrão, criminoso, fornicador, malfeitor, sacrílego, manchado por to- dos os vícios, soterrado por todas as torpezas e maldades, mas não queira ser feliz. Sei que todos vós quereis viver felizes, mas o que faz o homem viver feliz, isso não quereis procurar. Tu, aqui, buscas o ouro, pensando que com o ouro serás feliz; mas o ouro não te faz feliz. Por que buscas a ilusão? E com tudo o que aqui procuras, quando procuras mundanamente, quando o fazes amando a terra, quando o fazes lambendo a terra, sempre visas isto: ser feliz. Ora, coisa alguma da terra te faz feliz. Por que não cessas de buscar a mentira? Como, pois, haverás de ser feliz? “Ó filhos dos homens, até quando sereis pesados de coração, vós que onerais com as coisas da terra o vosso coração?” [Sl 4,3] Até quando foram os homens pesados de coração? Foram-no antes da vinda de Cristo, antes que ressuscitasse o Cristo. Até quando tereis o coração pesado? E por que amais a vaidade e procurais a mentira? Querendo tornar-vos felizes, procurais as coisas que vos tornam míseros! Engana-vos o que descaiais, é ilusão o que buscais.
Queres ser feliz? Mostro-te, se te agrada, como o serás. Continuemos ali adiante (no versículo do Salmo): “Até quando sereis pesados de coração? Por que amais a vaidade e buscais a mentira?” “Sabei” - o quê? – “que o Senhor engrandeceu o seu Santo” [Sl 4,3].
O Cristo veio até nossas misérias, sentiu a fone, a sede, a fadiga, dormiu, realizou coisas admiráveis, padeceu duras coisas, foi flagelado, coroado de espinhos, coberto de escarros, esbofeteado, pregado no lenho, traspassado pela lança, posto no sepulcro; mas no terceiro dia ressurgiu, acabando-se o sofrimento, morrendo a morte. Eia, tende lá os vossos olhos na ressurreição de Cristo; porque tanto quis o Pai engrandecer o seu Santo, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu a honra de se assentar no Céu à sua direita. Mostrou-te o que deves saborear se queres ser feliz, pois aqui não o poderás ser. Nesta vida não podes ser feliz, ninguém o pode.

Boa coisa a que desejas, mas não nesta terra se encontra o que desejas. Que desejas? A vida bem-aventurada. Mas aqui não reside ela.
Se procurasses ouro num lugar onde não houvesse, alguém, sabendo da sua não existência, haveria de te dizer: “Por que estás a cavar? Que pedes à terra? Fazes uma fossa na qual hás de apenas descer, na qual nada encontrarás!”
Que responderias a tal conselheiro? “Procuro ouro”. Ele te diria: “Não nego que exista o que descias, mas não existe onde o procuras”.
Assim também, quando dizes: “Quero ser feliz”. Boa coisa queres, mas aqui não se encontra. Se aqui a tivesse tido o Cristo, igualmente a teria eu. Vê o que ele encontrou nesta região da tua morte: vindo de outros paramos, que achou aqui senão o que existe em abundância? Sofrimentos, dores, morte. Comeu contigo do que havia na cela de tua miséria. Aqui bebeu vinagre, aqui teve fel. Eis o que encontrou em tua morada.
Contudo, convidou-te à sua grande mesa, à mesa do Céu, à mesa dos anjos, onde ele é o pão. Descendo até cá, e tantos males recebendo de tua cela, não só não rejeitou a tua mesa, mas prometeu-te a sua.
E que nos diz ele?
“Crede, crede que chegareis aos bens da minha mesa, pois não recusei os males da vossa”.
Tirou-te o mal e não te dará o seu bem? Sim, da-lo-á. Pro- meteu-nos sua vida, mas é ainda mais incrível o que fez: ofereceu-nos a sua morte. Como se dissesse: “À minha mesa vos convido. Nela ninguém morre, nela está a vida verdadeiramente feliz, nela o alimento não se corrompe, mas refaz e não se acaba. Eia para onde vos convido, para a morada dos anjos, para a amizade do Pai e do Espírito Santo, para a ceia eterna, para a fraternidade comigo; enfim, a mim mesmo, à minha vida eu vos conclamo! Não quereis crer que vos darei a minha vida? Retende, como penhor a minha morte”.
Agora, pois, enquanto vivemos nesta carne corruptível, mor- ramos com Cristo pela conversão dos costumes, vivamos com Cristo pelo amor da justiça.
Não haveremos de receber a vida bem-aventurada senão quando chegarmos àquele que veio até nós, e quando começarmos a viver com aquele que por nós morreu.

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