Continuando nossas considerações acerca da Catedral Metropolitana de nossa Arquidiocese, tratemos de alguns aspectos relacionados a sua construção, bem como os diversos momentos pelo qual este belo e mui significativo templo passou.
Destaquemos certos pontos: Quando da chegada dos portugueses a Belém, em 1616, construiu-se uma capela em taipa e palha no Forte do Castelo, na época conhecido como Forte do Presépio, ela "erecta à Nossa Senhora das Graça, e foi portanto esta a primeira casa de Deus no Pará"[1]. Entre 1617 e 1618, o vigário Manoel Figuera de Mendonça transferiu a então Igreja para a área externa, dando início à construção de alvenaria, no coração do centro histórico de Belém.
Fig. 1 - Altar do SS. Sacramento |
Com a elevação de Belém a Sede Episcopal no ano de 1719 pelo Papa Clemente XI através da bula Copiosus in Misericordia, elevou-se a até então matriz de Nossa Senhora da Graça a Catedral do Bispado, cabe destacar que desde o ano de 1714 as funções paroquiais desta tinham sido removidas para Igreja de São João Batista, já que a igreja matriz ameaçava ruir. Sentiu-se a necessidade da reconstrução da antiga matriz, mas de um modo que enaltecesse e representasse a dignidade de Catedral, deste modo “Principiou a obra da Catedral em 1748 e acabou em 1771, em cujo espaço esteve parada por cinco anos. Deste a frontaria até o cruzeiro durou a construção sete anos, as torres e as partes da capela-mor seis anos, e o resto da mesma capela cinco, e por conseqüência foi dezoito anos o tempo efetivo da construção desta igreja. O retábulo do altar-mor é obra de talha aperolada com florões, vasos, grinaldas espirais de colunas torcidas [...] os retábulos dos altares do Sacramento [ver fig. 1] e de Nossa Senhora de Belém, são igualmente de entulho com a mesma cor do altar-mor com os adornos todos dourados. O retábulo do altar-mor [ver fig. 2] tem no alto um grande painel de Nossa Senhora da Graça, obra do ínclito engenho de Pedro Alexandrino de Carvalho, os dez altares da nave também tem painéis que foram colocados no início do ano de 1779. E na Sacristia do bispo há uma capela, cujo teto é de sarapunel ricamente trabalhado”.[2] A benção da catedral deu-se em 23 de Dezembro de 1755, isto é, antes do término total das obras. Na ocasião "relata Ernesto Cruz, que concluída estava a igreja até o arco da capela-mor, mas que, apesar disso, no dia seguinte foi 'trasladado da Igreja de São João para a da Sé, o Santíssimo Sacramento".[3]
Fig. 2 - Retábulo do Altar-Mor |
Podemos afirmar que a Catedral de Belém foi terminada na gestão de D. Vicente Joaquim Zico (1996). Com efeito, foi criado o Ossuário, a Capela das Almas, terminada a Sacristia dos Cônegos, criada a Residência Paroquial.
Notas
[1]PINTO, Antônio Rodrigues de Almeida. O Bispado do Pará. In.: Annaes da Bibliotheca e Archivo Público do Pará. Belém, tomo 5, pp. 5-191, 1906.
[2] BAENA, Antônio Ladislau. Compêndio das Eras da Província do Pará, p.281
[3]ROCHA, Hugo de Oliveira. A Catedral de Belém: Resuo Histórico e momento atual. Belém: Editora Falangola, 1992, p. 22.
[4]LUSTOSA, Dom Antonio de Almeida. Dom Macedo Costa (Bispo do Pará). Belém: SECULT, 1992, p. 538.
Imagens
Fig. 1 - In: Amazónia Felsínea: António José Landi: itinerário artístico e científico de um arquitecto bolonhês na Amazónia do século XVIII. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1999. p. 239
Fig. 2 - In: FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica às capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Desenhos originais coligidos pelo Prof. Dr. Edgard de Cerqueira Falcão. São Paulo: Gráficos Brunner, 1970. Retábulo da capela-mor da Igreja da cidade de Belém do Pará, estampa n. 6
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