sábado, 14 de setembro de 2013
Exaltação da Santa Cruz
Vede-a em pé, em meio das trevas da noite, ainda banhada em sangue, no topo solitário da montanha. Que espetáculo oferecia o mundo naquela triste noite que se seguiu o deicídio!
Uma cruz de pau coberta de sangue, um cadáver dentro de um sepulcro, eis tudo o que restava de Jesus!
A fé de sua missão divina bruxuleava apenas, como débil luz prestes a extinguir-se, no coração de alguns discípulos tímidos, desalentados, descrentes; e, se não fora sua mãe, em cujo coração afogado em magoas nunca desmaiou a crença viva de sua divindade, pudera dizer-se que a Igreja de Jesus com ele expirara!
Satã, vendo este destroço da obra de Deus, acreditou no triunfo certo da sua, regozijou-se “Venci!” – disse. A humanidade está, enfim, a meus pés. Aqui Jerusalém, ali Atenas, além Alexandria, mais longe Roma... Por toda parte de opressão da força bruta, a orgia do sensualismo, o império da fabulo, o gosto do sangue, a degradação do homem, o desprezo de Deus.
“Que redenção pode sair deste patíbulo? Que vida pode irradiar-se daquele sepulcro?”
Assim falou, revoluteando com a rapidez de pensamento em torno do globo, como para percorrer seu domínio, perdeu-se na escuridão do espaço, soltando uma gargalhada convulsa.
Engana-se o enganador!
Não leu, não soube ler a Cruz; não pode decifrar aquele hieróglifo divino!
Que significava aquela Cruz ensangüentada no cume do calvário?
Significava que o grande sacrifício da nova aliança estava consumado. Que a humanidade tinha, enfim, uma vítima de valor infinito, que por ela se imolara, pregando naquela Cruz a cédula de sua condenação?
Vítima santa! Hóstia imaculada! Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo! Significava que aquela vítima divina, que era o verbo de Deus feito homem, era ao mesmo tempo o sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.
Dom Antônio de Macêdo Costa, 10º Bispo do Pará (1860-1890)
SANTA MISSA
Antífona da entrada: A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (Gl 6,14).
Oração do dia
Ó Deus, que, para salvar a todos, dispusestes que o vosso Filho morresse na cruz, a nós, que conhecemos na terra esse mistério, dai-nos colher no céu os frutos da redenção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas
Purifique-nos de todas as faltas, ó Deus, este santo sacrifício que, oferecido no altar da cruz, tirou o pecado do mundo. Por Cristo, nosso Senhor.
Prefácio próprio
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Pusestes no lenho da cruz a salvação da humanidade, para que a vida ressurgisse de onde a morte viera. E o que venceu na árvore do paraíso, na árvore da cruz fosse vencido. Por essa razão, agora, e sempre, nós nos unimos à multidão dos anjos e dos santos, cantando (dizendo)...
Antífona da comunhão: Quando eu for exaltado da terra, diz o Senhor, atrairei a mim todas as coisas (Jo 12,32).
Depois da comunhão
Senhor Jesus Cristo, alimentados em vossa santa ceia, nós vos pedimos leveis à glória da ressurreição os que salvastes pela árvore da cruz que nos trouxe a vida. Vós, que viveis e reinais para sempre.
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