sábado, 2 de novembro de 2013

Sequência do Dia dos Mortos



Dia de ira! Pobre argila
O Orbe, em cinza ele aniquila
Diz Davi com a Sibila.

Que terror ao viador!
Quando o eterno julgador
Vier Julgá-lo em seu rigor!

Eis que a tuba esparge o tono
E despertos do atro sono,
Correm todos ante o trono.

Treme a morte como a natura,
Ressurgindo a criatura
Para o feito que procura.

Um livro escrito é presente:
Nele tudo está patente
Que ao mundo faz delinqüente.

Do juiz postado o vulto,
Será claro o que era oculto
Nada ao fim sobeja inulto.

Que direi em meu abono?
A quem rogarei patrono,
Vendo o justo no abandono?

Rei, tremendo em majestade
Que, em salvando, tens bondade,
Vem salvar-me em tua piedade.

Ah! Recorda, ó bom Jesus,
Que por mim sofreste a Cruz,
Não me prives de tua luz!

Em buscando a mim cansaste;
Sobre a cruz manso expiaste;
Baldo é quanto elaboraste?

Justo juiz vingador,
Faze a graça ao pecador,
Antes do dia do horror!

Como réu, eu gemo aflito;
Enrubesce-me o delito;
Poupa a quem ora contrito.

Se Maria indultaste,
E, ao ladrão, meigo, escutaste,
A mim também esperançaste.

Minhas preces não são dignas
Mas, me guardem mãos benignas
De eternas fráguas malignas.

Dá-me estar como a ovelha mansa.
Não dos capros na aliança;
De tua destra a vizinhança.

Quando os maus, ao fim desfeitos,
Gemam sobre os ígneos leitos,
Dá que eu seja entre os eleitos.

Oro súplice prostrado,
Coração bem triturado,
De meu fim, Ah! Tem cuidado.

Dia aquele de amargura;
Sai do pó da sepultura
Para o juízo, a criatura.

Dela, ó Deus, enxuga o pranto,
Dá, Jesus, dentro em teu manto
Desses o repouso santo. Amém!

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