quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Mestre das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice - Parte II


Dando continuidade ao nosso estudo sobre os Mestres de Cerimônias do Sumo Pontífice, vamos conhecer hoje um pouco mais dos ofícios do Mestre das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice. 
O Mestre das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, tem o ofício de zelar e preparar as celebrações litúrgicas presididas pelo Santo Padre nas Basílicas Papais Romanas, nas visitas às paróquias da Diocese de Roma, nas visitas pastorais no território italiano e nas viagens apostólicas ao redor do mundo. Cabe também ao Mestre de Cerimônias, o zelo pela Sacristia Pontifícia e Capelas do Palácio Apostólico (Capela Sistina, Capela Paulina e Capela Redemptoris Mater). É o oficial encarregado pelo Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice. De acordo com a Constituição Apostólica Pastor Bonus do Venerável João Paulo II (art. 182), o Magistri Caeremoniarum é nomeado diretamente pelo Romano Pontífice por um período mínimo de cinco anos podendo ser reconfirmado no cargo. 
Durante a vacância da Sé Apostólica o Mestre de Cerimônias do Papa não perde seu oficio, sendo que por mandato do Colégio Cardinalício é o responsável pela preparação da Cerimônia de Identificação da morte do Sumo Pontífice (realizada pelo Cardeal Decano ou pelo Carmelengo da Santa Igreja), e pelas várias celebrações fúnebres - exposição do corpo no Palácio Apostólico, traslado para a Basílica de São Pedro, missa de exéquias, sepultamento e as Missas em Sufrágio da Alma do Sumo Pontífice de acordo com o que está estabelecido no documento Ordo Exsequiaram Romani Pontifici. Também prepara e faz a leitura pública da “Escritura” - Testamentos espirituais escrito em vida pelo Romano Pontífice. 

Preparativos para o Sepultamento do Papa João Paulo II
Dom Piero Marine (Mestre de Cerimônias Pontifício) e Dom Stanislaw Dziwisz (Secretário Pessoal de João Paulo II)
O Mestre de Cerimônias do Papa é o único não membro do Colégio Cardinalício que entra no recinto do Conclave (Capela Sistina), sendo responsável pelo bom andamento da eleição do novo Sumo Pontífice. Revestido da qualidade de notário (uma espécie de secretário do conclave), registra em documento oficial toda a eleição do novo Papa e o nome que ele usará durante todo o seu pontificado. 
Ata da Eleição do Venerável Pio XII, feita pelo Mestre de Cerimônias Mons. Carlo Respighi no ano de 1939: 

ACTUS ACCEPTATIONIS SUMMI PONTIFICATUS 
In nomine Domini. Amen. 
Ego Carolus Respighi, Protonotarius Apostolicus et Sanctae Sedis Caeremoniarum Praefectus ex officio rogatus, attestor et omnibus notum facio Eminentissimum et Reverendissimum Dominum EUGENIUM tituli Ss. Ioannis et Pauli S. R. E. Presbyterum Cardinalem PACELLI, S. R. E. Camerarium, acceptasse electionem canonice de Se factam in Summum Pontificem, Sibique nomen imposuisse « Pium Duodecimum », ut de hoc publica quaecumque, instrumenta confici possint. 
Acta haec sunt in Conclavi in Palatio Apostolico Vaticano, post obitum fel. rec. Pii PP. XI, bac die secunda mensis martii anno Domini MCMXXXIX, testibus adhibitis atque rogatis, Excmo Dno Vincentio Santoro, Sacri Collegii Secretario et Rmis DD. Aloysio Capotosti et Henrico Dante, consociis meis, Apostolicarum Caeremoniarum Magistris. 
VINCENTIUS SANTOKO, a Secretis S. Collegii. 
Aloysius Capotosti, Apost. Caerem. Magister, testis. 
Henricus Dante, Apost. Caerem. Magister, testis. 

Ego Carolus Respighi, Protonotarius Apostolicus, Sanctae Sedis 
Caeremon. Praefectus, rogavi. 
O Magistri Caeremoniarum enquanto exerce seu ofício assistindo ao Papa nas celebrações por ele presididas, usa tradicionalmente a batina violácea e sobrepeliz. Já nos ritos após a morte do Papa e durante o Conclave, veste o conjunto do hábito talar correspondente ao seu grau de Ordem. 

Abaixo, os últimos prelados que exerceram a função de Mestre de Cerimônias do Sumo Pontífice: 

1918 – 1947 – Mons. Carlo Respighi (Nomeado Protonotário Apostólico pelo Papa Pio XI) 

1947 – 1965 – Cardeal Enrico Dante (Criado Cardeal-Presbítero pelo Papa Paulo VI) 

1967 – 1970 – Mons. Anníbale Bugnini (Ordenado Bispo Pelo Papa Paulo VI - 1972) 

Após a saída do Mons. Enrico Dante da Prefeitura de Cerimônias, em razão de sua criação como cardeal, não houve de imediato um novo prefeito, pois a Igreja se encontrava em meio ao processo de reforma litúrgica após a publicação da Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium e a reforma da corte papal elaborado por Paulo VI. O Papa então, nomeou apenas um "comissário" para manter interinamente a Prefeitura e para iniciar a reforma do cerimonial papal. O cargo de Comissário foi confiado ao Mons. Annibale Bugnini, C.M., então secretário do Consilium ad exsequendam Constitutionem de Sacra Liturgia, mas não dirigiu pessoalmente as celebrações papais, pois confiou as orientações ao Cerimoniário Pontifício Mons. Salvatore Capoferri, e posteriormente ao Cerimoniário Pontifício Mons. Adonis Terziarol

Mons. Salvatore Capoferri ao lado direito do Papa Paulo VI

Mons. Adonis Traziarol ao lado esquerdo do Papa Paulo VI

1970 – 1982 – Cardeal Virgilio Noè (Criado Cardeal-Diácono pelo Papa João Paulo II e anos depois elevado a Cardeal-Presbítero) 
1982 – 1987 – Dom John Magee (Ordenado Bispo pelo Papa João Paulo II - 1987) 

1987 – 2007 – Dom Piero Marini (Ordenado Bispo pelo Papa João Paulo II - 1998) 
2007 – Atual - Mons. Guido Marini (Nomeado Mestre de Cerimônia pelo Papa Bento XVI) 


Leia também:
O Departamento das Celebrações do Sumo Pontífice – Parte I
O Mestre das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice – Parte II
O atual Mestre de Cerimônias do Sumo Pontífice, Mons. Guido Marini – Parte III
O Grande Magistri Caeremoniarum Enrico Dante – Parte IV
Os Cerimoniários Pontifícios e suas funções – 
Parte V
Os atuais Cerimoniários Pontifícios – 
Parte VI
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Elaboração: Cassio Pessoa
Revisão: Mário Ribeiro 
Fontes da pesquisa: Cattolici Romani, Wapedia e site oficial da Santa Sé

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