quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um Pouco da História de Nossa Arquidiocese - Paróquia da SS. Trindade II

Governava o Pará dom Marcos de Noronha e Brito, o Conde dos Arcos, quando foi iniciada a obra de aterramento do Igarapé Piri, como era chamado o alagadiço da Juçara. Comprido e volumoso, o igarapé serpenteava pela cidade, descendo da área onde se localizava o Convento de São Boaventura, onde hoje está o Arsenal de Marinha, indo, ora mais largo, vezes mais estreito, despejar as suas águas em leitos que se bifurcavam em direção ao centro da cidade até lançar-se na sua maior abertura: a Baía do Guajará.

O historiador Antônio Baena, na obra "Compêndio das Eras", afirma que o Piri impressionou de tal modo o padre João Daniel, que o sacerdote, ao se referir à cidade, classificava-a por Oeste do Piri e Leste do Piri para designar os tradicionais bairros da Cidade Velha e da Campina. O Piri se constituía, por si só, um capítulo da história de Belém. Em 1771, o engenheiro alemão Gaspar Gerardo Gronfelts cogitou aproveitar a existência do igarapé no plano de transformação da cidade. Ao invés de aterrar o extenso alagadiço, como era desejo do governo, Gronfelts imaginou aproveitá-lo, em conjunto com os igarapés do Reduto e das Almas, para a construção de três enormes entradas de água, que seriam aproveitadas em diferentes canais que dariam a Belém beleza ainda maior que a da cidade de Veneza, na Itália.

Contrariando o plano urbanístico de Gronfelts, o Conde dos Arcos não quis transformar Belém numa segunda Veneza. Achou melhor eliminar o enorme igarapé, encarregando, para isso, o engenheiro João Rafael Nogueira. Assim, aos poucos o grande igarapé foi desaparecendo. Em conseqüência, novas estradas surgiram. Grandes áreas foram aproveitadas. O governador passou a incentivar a construção nos trechos por onde antes corria o Piri. Nas imediações da Aldeia, como era chamada a atual Rua Ferreira Cantão - antiga Bailique, próximo à Estrada das Mongubeiras, hoje Avenida Almirante Tamandaré, área que antes era do Piri, morava José António Abranches.

Fig. 1 - Pia Batismal
O idealizador da Igreja, que foi aberta ao culto em 1814, no dia consagrado à Santíssima Trindade.O seu primeiro vigário foi o padre Manuel Vasques da Cunha e Pinho, que presenteou a pia batismal à igreja [ver fig. 1]. Anos mais tarde, o templo virou ruínas. Em 1894 foi fechado, passando a paróquia a funcionar na igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Nesse mesmo ano, em 14 de outubro, o monsenhor José Gregório Coelho benzeu e colocou a primeira pedra da capela mor da Trindade.


Fig. 2 - Placa alusiva a abolição da Escravatura

Coube ao padre Miguel Inácio, que substituiu o monsenhor Hermenegildo Perdigão na direção da paróquia, iniciar os trabalhos de restauração da secular igreja. Em 14 de setembro de 1942 a Igreja da Trindade foi reaberta ao culto. A benção solene ao templo e às imagens foi concedida pelo monsenhor Antônio Cunha. A primeira missa celebrada no templo da Trindade, depois da reinauguração, foi pela alma do senador Cipriano Santos, que se distinguiu ajudando na reforma da igreja. Um dos fatos históricos marcantes da vida do templo é a placa de mármore afixada na parede de fora do prédio da igreja [ver fig. 2], pela Rua Presidente Pernambuco, que identifica a data comemorativa da abolição da escravatura no Pará.

Os restos mortais do monsenhor Hermenegildo foram transferidos para a Igreja da Trindade. Depositados na Sacristia. Nas últimas décadas o sacerdote que mais tempo esteve a frente da Paróuia foi monsenhor Miguel Inácio – falecido - o qual esteve na função por 50 anos, com o apoio dos padres co-adjuntores, Carlos Coimbra (hoje afastado do ministério sacerdotal), Emanuel Teixeira, José Edmundo Santiago e Paulo César Falcão. Padre José Maria Albuquerque, monsenhor Aderson Neder, monsenhor Geraldo Menezes (hoje Pároco Emérito) e padre Cirilo Rocha também foram alguns dos sacerdotes que exerceram a função de párocos na Santíssima Trindade. Deve ser destacado o trabalho do monsenhor Geraldo Menezes que foi titular da paróquia por mais de 20 anos. Entre suas importantes obras estão a implantação do Encontro de Casais com Cristo, em 1977, e a construção do Centro Monsenhor Miguel Inácio (Salão Paroquial) e o edifício que leva o seu nome - Centro Social Monsenhor Geraldo Menezes - iniciado em 1985 e concluído quase 10 anos depois.

Desde 31 de janeiro de 1998 o comando paroquial está entregue ao entusiasmo, competência e visão de futuro do padre Ronaldo Menezes, que promoveu a completa recuperação do templo, dotando-o, inclusive, de ar refrigerado, além de promover uma ampla reestruturação das pastorais e serviços buscando adequá-los às diretrizes arquidiocesanas e à nova realidade da Igreja Católica.

* por José Valente

Um comentário:

  1. Parabéns! O blog de Vcs é muito bem feito!Nos da diocese de Lorena estamos nos estruturando também desde de 2010 foi fundado a Comissão Diocesana de Acólitos e logo terá a Comissão dos Coroinhas.

    Também temos um blog e convido vcs a visita-lo
    http://comissaodeacolitos.blogspot.com

    Deus abençoe todos vcs!

    Marcos Vinicius-secretário da Comissão

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