quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um Pouco da História de Nossa Arquidiocese - Cemitério da Soledade

Ao passarmos pela Av. Serzedêlo Corrêa, entre a Av. Gentil Bittencourt e a Av. Conselheiro Furtado, um detalhe nos salta aos olhos, isto acontece primeiramente pois tal lugar nos relembra um fato que acomete a todos de modo indistinto, a morte; secundariamente nos chama a atenção pela beleza de seus jazigos e sepulturas, que testemunham através de seus traços artísticos o modo dos antigos verem tal realidade. Por outro lado, no presente texto nos reteremos a apresentar aspectos importantes da criação e interdição do Cemitério Nossa Senhora da Soledade.

Ao fundo o Pórtico de Cemitério, final do séc. XIX
Em 14 de janeiro 1801, o governo do Pará autorizado por carta régia tratou de escolher um local afastado da cidade para a construção de um Cemitério. Na época existia um Cemitério no Largo da Pólvora (hoje praça da República), que após a carta régia foi ampliado; por outro lado, a população mantinha enraizado o secular costume de fazer enterramentos no interior ou proximidades de Igrejas, ficando os cemitérios apenas destinados aos escravos e pessoas desprotegidas.

No ano de 1850, nossa cidade foi alastrada pelo vírus da Cólera e da febre amarela, a primeira trazida para cá pela barca dinamarquesa Pollux. Com as epidemias o então governador Cons. Jerônimo Francisco Coelho, na tentativa de impedir o maior alastramento dos vírus proibiu em meio a muitas reclamações os sepultamentos em Igrejas. A prática desta medida começou em 25 de março de 1850. Como conseqüência desta ordem, ordenou-se a construção de um cemitério regular, estabelecido em um terreno alguns anos antes adquirido pela Câmara Municipal de Belém, o governador mandou cercá-lo e edificar nele uma capela a qual deu a invocação de Nossa Senhora da Soledade. Foi assim constituído o segundo cemitério público de Belém, deixando o primeiro (o do largo da pólvora) entregue a todos os tipos de profanações, profanações estas que levaram o então bispo D. Afonso de Moraes Torres a mandar escavar o antigo campo santo e trasladar os ossos ali encontrados para o novo cemitério.

Por outro lado, dentro de poucos anos a nova necrópole apresentou dois graves inconvenientes: o primeiro era seu tamanho diminuto que não dava conta da crescente população, e o segundo a localização próxima ao centro da cidade já muito habitado. Estas e outras razões higiênicas determinaram a interdição do cemitério, que já em 1874 foi considerado insuficiente pela santa Casa de Misericórdia, instituição a quem era incumbida à administração do cemitério. 
Algumas sepulturas e jazigos, começo do séc. XX
Entre os mausoléus lá localizados, se destaca o do General Hilário Maximiliano Gurjão, importante combatente na Guerra do Paraguai; o de Vicente Antônio de Miranda, comendador da Ordem de Cristo e Oficial da Imperial Ordem da Rosa, que deixou um vultoso legado à Santa Casa de Misericórdia do Pará, com o qual foi possível a construção do pórtico e do gradeamento da Soledade; o do Cônego Siqueira Mendes; e do capitão Joaquim Vitorino de Sousa Cabral idealizador do cemitério.

Fontes:

Albúm de Belém-Pará. Belém: Edição F. A . Fidanza, 1902.
Álbum Belém da Saudade. 2ª ed. Belém: Secult, 1998

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