Ao longo da história, os Evangeliários têm sido valiosos objetos artísticos. Uma especial manifestação da arte das miniaturas desenvolvida principalmente no período carolíngio (751 - 987) e românico (1000 - 1200).
No período carolíngio (751 – 987), criaram-se quatro grandes escolas especializadas na arte em miniaturas sobre os livros litúrgicos.
Escola Palatina: Que no fim do século VIII produziu o Evangeliario da Coronación (Viena), Usado na coroação de Carlos Magno como imperador, do Sacro Império Romano-Germânico, pelo Papa Leão III. Anos depois, este Evangeliario foi encontrado pelo Imperador Otto III que o encontrou ao abrir o túmulo de Carlos Magno no ano de 1000, e durante a Idade Média, foi usado no ritual do juramento de posse dos imperadores do Sacro Império Romano-Germânico, passando a ser conhecido como Evangeliário de Viena ou da Coroação, hoje é preservado em Viena.
Escola de Ada: Relacionada com a Escola anterior, emprega abundantemente o ouro e a prata na confecção dos livros. Destaca-se o Evangeliario de Godescalco, que se conserva na Biblioteca Nacional da França. Foi produzido em Aachen entre 781 e 783, O manuscrito é um dos primeiros exemplos de iluminura carolíngia, caracterizada por um naturalismo decorativo com a fusão de influências cristãs primitivas, bizantinas e insulares, fazendo uso de uma sugestão de tridimensionalidade nas figuras através de técnicas de sombreado.
Escola de Tours: Na Segunda metade do século IX. Gira em torno da figura de Alcuino, parente de Carlos Magno. Pode-se notar influência irlandesa nas obras produzidas por essa escola. Uma derivação desta escola é a Escola da Corte de Carlos I, com exemplares como o Evangeliario de San Emerano de Ratisbona.
Escola de Reims: Já no final do século IX, marca a evolução para o românico e nesse período se destaca o Evangeliario de Ebo.
Já no período românico (1000 - 1200) a produção de livros aumentou enormemente. Em lugar destacado encontravam-se os livros litúrgicos por ter uma luxuosa decoração. Destaca-se nesse período o Evangeliário do Duque Enrique, Príncipe dos antigos reinos da Saxónia e da Baviera, o manuscrito foi produzindo entre os anos de 1175 e 1188.
Na Liturgia, o Evangeliário sempre foi conduzido com muito respeito, reverência e dignidade, geralmente carregado por um Diácono ou ministro ordenado. Na celebração da Santa Missa, é mantido sobre o Altar até a aclamação ao Evangelho, em seguida é levado solenemente ao ambão, ladeado por velas e incensário. Já na sacristia o Evangeliário deve ter lugar de destaque, pois é o livro mais sagrado e precioso da Igreja, preservando assim o respeito, a reverencia e a dignidade.
Por muito tempo, o Evangeliário foi esquecido na Liturgia Romana, mas sempre esteve presente nas Igrejas Orientais. Recentemente, vem sendo utilizado novamente, sobretudo após o Concílio Vaticano II.
O Evangeliário foi publicado oficialmente em 1963, por ocasião da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, pela Biblioteca Apostólica Vaticana, com dedicatória de João XXIII.
Já no ano Santo de 2000 o Papa João Paulo II, apresentou a nova edição do evangeliário e na ocasião exaltou: “O testemunho desta revelação, contido nas Sagradas Escritura e na Tradição, foi confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja, que sempre venerou as Escrituras divinas.” (cf. Dei Verbum, 8 e 21). Portanto, “Conforme o antigo costume da tradição litúrgica oriental e ocidental, e segundo o conteúdo do Ordo lectionum Missae, foram reunidos num só livro as leituras evangélicas relativas às várias solenidades e festividades, dispostas à maneira da ordem litúrgica.”
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