Antes de iniciarmos nossas considerações, cabe resgatarmos um fato importante que está relacionado com nosso tema. Na noite do dia 1 de Setembro de 2009 (Solenidade de Santa Maria de Belém), a Catedral Metropolitana de Belém foi reaberta para o culto após quatro anos de intensa restauração.
Na ocasião os discursos eram os mais diversos acerca da importância deste belo templo, e na maioria das vezes a principal justificativa para tal restauração era este ser ponto de partida para a procissão do Círio de Nazaré. De fato, o Círio é uma manifestação de fé única, mas a falta de conhecimento tem por conseqüência afirmações desta natureza. Cabe atentarmos que a importância da Catedral vai muito além de ser apenas ponto de partida desta grande procissão, pois não é apenas “A Igreja de nossa Mãe”, mas “A nossa Igreja - Mãe”. Desta forma achei por bem escrever sucintamente qual a importância de uma Catedral para sua diocese e as particularidades históricas deste nosso belo templo.
Vejamos inicialmente o significado da palavra Catedral, o termo catedral vem de Cátedra (Sede) que é a cadeira de onde o bispo dirige sua diocese, as catedrais se configuram como a Igreja do bispo ou de onde o bispo governa seu rebanho “A igreja catedral é aquela em que está a cátedra do Bispo, sinal do magistério e do poder do pastor da Igreja particular, bem como sinal de unidade dos crentes naquela fé que o Bispo anuncia como pastor do rebanho”[1]. Cabe aqui destacarmos que a Igreja Catedral tem também um duplo sentido, o primeiro de natureza visível que é a de ser “imagem figurativa da Igreja visível de Cristo, que no orbe da terra ora, canta e adora; deve, conseqüentemente, ser retida como a imagem do seu Corpo místico, cujos membros estão conglutinados pela união na caridade, alimentada pelo orvalho dos dons celestes”[2], e um segundo sentido de natureza mística que é a de ser “pela majestade da sua construção, a expressão daquele templo espiritual, que é edificado no interior das almas e brilha pela magnificência da graça divina, segundo aquela sentença do apóstolo S. Paulo: ‘Vós sois o templo do Deus vivo’ (2 Cor 6,16)”.[3]
Fica evidentemente clara a natureza da catedral enquanto “igreja mãe e o centro de convergência da Igreja particular” [4], pois é dela de onde emana todas as graças apostólicas “é o lugar onde o Bispo tem a sua cátedra, a partir da qual educa e faz crescer o seu povo através da pregação, e preside as principais celebrações do ano litúrgico e dos sacramentos. Precisamente quando está sentado na sua cátedra, um Bispo apresenta-se à frente da assembléia dos fiéis como aquele que preside in loco Dei Patris... É a presença desta cátedra que constitui a igreja catedral como o centro espiritual concreto de unidade e comunhão para o presbitério diocesano e para todo o Povo santo de Deus.”[5].
Deste modo “todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita ao redor do Bispo, sobretudo na igreja catedral, convencidos de que a principal manifestação da Igreja se faz numa participação perfeita e ativa de todo o Povo santo de Deus na mesma celebração litúrgica, especialmente na mesma Eucaristia, numa única oração, ao redor do único altar a que preside o Bispo rodeado pelo presbitério e pelos ministros”. Sendo assim, a importância de uma catedral transpassa seus aspectos exteriores, como detalhes arquitetônicos ou excepcionalidades e devoções populares diversas, sua importância é ser nossa casa em comum, é ser o templo de onde emanam os conselhos de nosso pastor, é onde por excelência e com primazia se celebra a obra salvífica de Jesus Cristo.
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Notas
[1] Cerimonial dos Bispos, nº 42
[2] Ibidem, nº43
[3] Ibidem, nº43
[4]João Paulo II, Exortação Apostólica Pastores Gregis, nº 34, 2003
[5] Ibidem
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