terça-feira, 19 de abril de 2011
CELEBRAR DIGNAMENTE
Autor: Diácono Plínio Pacheco*
As nossas celebrações litúrgicas são de uma grandeza estupenda. Celebramos o Mistério Pascal de Cristo Senhor, Pontífice de nossa salvação. A liturgia que é o momento síntese da história da salvação, nos leva a celebrar, já aqui na terra, o que iremos viver plenamente no céu.
A liturgia tem um lugar primordial na Igreja, expressando o verdadeiro sentido, a saber: “ao mesmo tempo humana e divina, dotada de realidades invisíveis, operosa na ação e devotada à contemplação, presente no mundo e, contudo peregrina” (Cf. SC 2). As ações litúrgicas requerem o sentido expressivo factual tendente para o que é transcendental; ou seja, tudo o que diz respeito à celebração – cânticos, orações, leituras, posturas – que remetem à realidade celeste.
As ações litúrgicas são sagradas por excelência, pois são obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja (Cf. SC 7). Por isso, não podem ser de qualquer jeito, no improviso. Infelizmente, muitos de nós já tivemos o desagrado de participar de uma celebração na qual vemos claramente a falta de zelo na execução adequada dos cantos, as leituras sendo proclamadas de forma ininteligível, o espaço impróprio para o desenvolvimento do rito, assim como, a falta de sintonia de quem preside e com aqueles que ajudam na celebração. Contudo, uma total desvinculação do verdadeiro espírito da liturgia, que é uma ação sagrada.
Em determinado tempo, sobretudo nos anos depois do Concílio Vaticano II e a grande reforma pela qual passou a liturgia, a Igreja viveu momentos de adaptações no que diz respeito à liturgia. Mudanças foram feitas em nome de uma participação e entendimento dos fiéis (Cf. SC 14). Por conseguinte, essas mudanças não foram de significado, mas, fizeram com que se pudesse criar uma adequação à cultura onde se celebra sem se perder a realidade do mistério, entendido como ação de Cristo em sua santa Igreja. Mas no meio de tudo isso, a criatividade que o Concílio incentiva até hoje não é muito bem entendida. Em nome de uma participação dos fiéis, fundem-se criatividades profanas, que ferem o verdadeiro sentido da liturgia: músicas impróprias para as celebrações; textos não aprovados pela Igreja; intervenções fora do sentido do contexto celebrativo (após ou mesmo no momento da homilia); sorteios, premiações; antes do ofertório, um grande anúncio de números de conta bancária e de telefonar para contatos para doações. A constituição ritual da Igreja, expressão da ação sacramental de Cristo, embora muitos não conheçam, é perfeita. Isso não quer dizer que não se possa fazer adaptações, sem que se perca a sacralidade do mistério celebrado. Por isso, nossas celebrações devem ser bem preparadas, obedecendo diligentemente o que nos pede a santa Igreja, sem burlar, improvisar e dessacralizar as ações rituais. O santo padre o papa Bento XVI na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, (n. 40) nos ajuda a compreender o verdadeiro sentido de uma bela celebração, quando diz: “igualmente importante para uma correta arte da celebração é a atenção a todas as formas de linguagem previstas pela liturgia: palavra e canto, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos. Com efeito, a liturgia, por sua natureza, possui uma tal variedade de níveis de comunicação que lhe permitem cativar o ser humano na sua totalidade. A simplicidade dos gestos e a sobriedade dos sinais, situados na ordem e nos momentos previstos, comunicam e cativam mais do que o artificialismo de adições inoportunas. A atenção e a obediência à estrutura própria do rito, ao mesmo tempo que exprimem a consciência do caráter de dom da Eucaristia, manifestam a vontade que o ministro tem de acolher, com dócil gratidão, esse dom inefável”. As celebrações devem ser um encontro de fé, expressados de maneira cônscia e fiel à Igreja santa, guardiã dos tesouros da fé. Façamos de nossas celebrações atos verdadeiros de culto santo e agradável a Deus.
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*Diácono transitório da Arquidiocese de Belém
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