sábado, 16 de abril de 2011

LITURGIA E BELEZA

Autor: Diácono Plínio Pacheco*

Os assuntos sobre liturgia se situam na ordem de frente de grande parte das reflexões teológicas, porque, sendo a liturgia esta prática freqüente e participada por muitos, acaba sendo objeto de reflexões das mais variadas. Um tema muito interessante nos sobressai: Liturgia e beleza. A princípio podemos querer tratar de dois temas distintos, porém, no se pode separar liturgia e beleza, mas antes, tratar a liturgia como beleza.
O papa João Paulo II, escrevendo aos artistas afirma que a beleza é a chave do mistério e apelo ao transcendente. É convite a saborear a vida e a sonhar o futuro (16). A palavra beleza tem um conceito religioso, remonta ao sânscrito: bel el za (lugar onde Deus brilha), ou no grego, o belo é traduzido por kállos, que reúne os significados de bom, belo e verdadeiro. Dionísio, o Areopagita, séc.V, afirma que: A Verdade, o Bem e a Beleza são três lâmpadas ardentes de fogo e uma não vive sem a outra. Destarte, podemos dizer que a liturgia é o lugar onde Deus brilha é bom, belo e verdadeiro. Mas como saber o que é o belo, se tratando de liturgia? Como fazer com que a celebração seja ela toda um perfeito louvor a Deus, Uno e Trino, sem escapar para o ridículo em busca de uma enfeitadinha nas ações sagradas? Alguns podem pensar que a liturgia seja o lugar privilegiado do improviso; o verdadeiro sentido da liturgia é fazer uma obra para Deus. É uma realidade apresentada por nós, homens e mulheres, para o Criador de tudo. Por isso a celebração litúrgica é o lugar por excelência da manifestação da beleza e do amor de Deus. Não se pode conceber uma liturgia que adote adereços que no expressam a relação de transcendência. Tudo o que se usa na liturgia deve ser compreendido, nesta relação material para Deus, da expressão humana para a divina, do tempo para a eternidade, do visível para o invisível. Por isso, a liturgia é o lugar da beleza, onde o Belo, Deus, se manifesta, apresenta-se de forma bela e simples. Adélia Prado, renomada escritora brasileira, fala sobre a liturgia, mais propriamente a Santa Missa, e atesta algumas deficiências em relação à linguagem usada na celebração aqui não se refere aos textos, do missal e dos lecionários, que foram traduzidos com um cuidado excepcional mas, da linguagem que é utilizada muitas vezes por àqueles e àquelas que fazem parte da celebração, ou mesmo pelo presidente da mesma. Por conseguinte, Adélia lança uma frase: missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum. É de se pensar sobre o que ela diz não de uma forma preconceituosa, mas serve de alerta, para o que realmente a liturgia é: lugar onde a obra da Redenção se realiza (SC 2) e, como nós estamos celebrando. Celebrar a liturgia é antecipar, já aqui na terra o que celebraremos na eternidade, o encontro com a verdadeira Beleza, como falou o grande escritor russo Dostoievsky: a beleza salvará o mundo, a Beleza redentora de Cristo, o crucificado e ressuscitado!

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*Diácono transitório da Arquidiocese de Belém

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